08/05/2014

Minerva que voe...


O que constatei é que, na verdade, esse papo de discurso autoral é só para quem se autoproclamou bom. O restante deve continuar reproduzindo as produções alheias. Seria essa uma justificativa que os cursos de Humanas dão para os do outro lado? Olha, nós também somos ciência... Os cartesianos perfeitos, reprodutores e produtores de métodos, os que materializam seus objetos e mostram à sociedade sua funcionalidade e eficácia, os que sabem representar para o mundo concreto o resultado de seu pensamento linear, respondem: mostrem! Tem isso também. Como tem. Não sei se há muitas variáveis agregadas a isso, mas o que vi apenas me espantou mais: pessoas antenadas e que se mostram abertas para o contemporâneo optando pelo discurso montado, a citação de ontem, a atmosfera do existente e aprovado, afagando o século XX, reverenciando o reverenciado. Estamos bem. Eu conheço pessoas que estudam há 30 anos um tema ou um autor e escrevem o mesmo ensaio, com algumas modificações durante a vida. Não dá. Só Borges pode ser Borges.Talvez seja esse mesmo o combustível da Academia: a confirmação do confirmado e a leitura já lida. A citação da citação, numa paráfrase infinita, mas dentro das linhas programáticas. Definitivamente não há espaço para a diversidade, para que insistir em um processo se ele mesmo, numa lenta e pesada permanência, te olha como se você fosse o andarilho que entrou em uma porta errada? Quem vai libertar Minerva? Ela que voe, não é uma deusa?