20/03/2009

Armagedon de aquário

Depois de longo e escaldante verão - aquecimento global mesmo - voltei, meus 7 leitores. Afastei-me da Rede Mundial de Computadores e aconteceu o quê ? Nada, não perdi nadinha. Estou zonzo com essa reforma ortográfica inútil que tira o trema, o acento de idéia e gruda algumas palavras, deformando-as. Para quê não sei até agora esse acordo insólito, alguém acha que escreverei ab-rupto? O português de Portugal continuará outra língua mesmo ( leia Saramago ), outro acto lingüístico, outra dicção. Poderemos escrever tranqüilidade até 2012.
Outro facto que noto é que a chatice tomou conta de tudo: crise financeira americana que se alastra por todo o planeta. Bem, fica claro que a globalização era isso em suma: dividir ônus se os especuladores perdessem na roleta. Somos a banca. A banca sempre perde nesse jogo. Mais não digo. Bobagem. Os caras dos mercados é que comandam o cotidiano do planeta, são eles que determinam a alegria ou a decepção das gentes, então ficamos assim. E as notícias outras, o austríaco maníaco, demoníaco, um vai e volta de violência da truculenta terra santa, mais o quê no plano internacional? Ah, a feitura de mais de um trilhão de dólares no forno FED para aquecer de novo a economia americana etc. Aqui no Brasil, Senado e seus ajustes éticos pelos Senadores de décadas, a candidata do presidente sem nenhum trejeito para o cargo, a oposição dando uma de nova na área, o Tribunal major reconhecendo que reserva indígena é dos índios, enfim, um tédio geral. Bem, tem o livro novo do Alberto Mussa: meu destino é ser onça, que ainda não li. Meu colega da Letras pode apostar que luto, pouco mesmo, para que meu destino seja Mussa. Mussa é o cara que pulou os muros ressecados da academia e se encontrou com a literatura no jardim. E escreve.
Falaram que estávamos já no Armagedon , o comando final do mal que enfrentará os anjos de trombeta. Uma movimentação nos céus. Nada, apenas tédio e repetição enfadonha de ações sem potência. Tivemos, no entanto, o episódio do asteróde que passou de raspão no planeta no dia 02 de março e quase niguém falou sobre isso. Foi descoberto dois dias antes, que coisa, e parecia com o de 1908 que devastou 80 milhões de árvores. Mais que o agronegócio.
Falaram que entramos na Era de Aquário, com tudo mais elegante e ações voltadas para o supra-sumo da sofisticação e respeito a todos.
Tá bom. Eu muitas vezes acho que voltamos mesmo à Idade Média, com excomunhão, fogueiras santas e detritos nas ruas, esgoto nos rios.
Sei não, talvez uma Idade Média regada a tédio, onde o castelo seja o ap. de dois quartos financiado e a carroça o Uno Corsa Celta usado, em leasing, se arrastando pelas ruas alagadas e imundas.
Voo perdeu o acento, enjoo também, como me mandaram nas tirinhas de Orlandeli.
O ano começou hoje de manhã. Será o museu de grandes novidades? O tempo não paira.