26/05/2010

Uma ameaça sem perigo

A velocidade da mensagem é o mote para a dicção correta, é esse o tempo.
Também é algo que se demonstra insuficiente, e talvez seja essa a razão do fascínio, sua concisão necessária.
Lá preciso de pensadores contemporâneos para perceber que há seqüências de respostas antecipadas a perguntas mal formuladas?
Nem os filósofos, semiólogos , conseguiriam dar conta desse labirinto sutil de códigos individualizados que não conseguem mesmo produzir alteridade.
Se exemplos são sempre exigidos para materializarem qualquer análise, eles existem aos montes, basta estar atento – ou desatento. A desatenção também é um dos diapasões dessa freqüência.
Parece mesmo que a linguagem eletrônica nos trouxe elétricos, em íons cada vez mais carregados, a justificativas rasantes, nessa comunicação.
Há sempre a necessidade em se transportar o julgamento imediato para o éter.
As ações são vasculhadas em um leque de possíveis montagens: o outro é o imediato.
E há pressa nisso.
Diria éon, em termos esotéricos, em alguma possibilidade de estabilização do silêncio.
Mas ninguém quer que a eternidade vá para o passado.
Também eu não sou obrigado a ser claro – nem a esquina que revela seres ameaçadores, mas avançando-se eram apenas cartazes descolando-se, formas decompondo-se.
É preciso lançar um som para justificar a presença sempre desejada. Presente!
Cada vez mais fora de moda o budismo da aquietação.
Falo nem que seja a demonstração do óbvio, ou a presunção de um inédito demarcado. Chato.
Também não sou obrigado a ficar de fora – nem o disse-me-disse incansável das mensagens espantará o interesse.
Uma lista infinita de spans transpassam o universo de um dia.
Cada vez mais invisíveis os seres que estão nas ruas, imóveis, não terão nenhuma fala.
Do silêncio do prosternado algo se tiraria?
( E eu falei, no Paraíso poluído, para a autoridade: está mal essa mulher. Está imóvel no gelo da calçada. Está tremendo, seus olhos não revelam nenhuma vontade, vamos chamar o resgate. Tá, eu não falei seus olhos não revelam nenhuma vontade para o meganha, foi: ela está com os olhos parados.
Não, ela está sempre aqui, drogada, respondeu, seco. Não vale a pena, em uma hora ela volta, ela sempre volta. ). Para a inércia.
Reconheço: nenhuma humanidade elétrica poderá emanar dos que não se locomovem. Não há resgaste para eles, mas eu lancei sobre aquela mulher as luzes vermelhas do aquecimento.
Raios, relâmpagos, o bate-estaca do pensamento vai produzindo e firmando as idéias da hora. Descartes imediatos, a repetição circula para que se retome sem dramas ao que foi descartado.
Lembrando que corremos, desesperados, para cumprir as ordens do dia, e responder a duzentas mensagens – na gincana montada por um acaso de referências cruzadas.
De alguma forma devo encaixar que sou o deus ex machina para o meu espelho, a produzir mil fortunas para pavimentar um futuro a prestação, aqui.
Eu não sou obrigado a seguir o fluxo, muito menos ele deseja que eu me submeta.
Mas não passo - nem um dia – sem que ele bata à minha porta comunicando sua amostragem:
Eis aqui, senhor, os caminhos, e se for nenhuma escolha é a opção zero.
De onde surgiu essa voz descompassada no meu mp4 de jazz, Jobim e Eduardo Agni?