Ontem ouvi pelas tevês vizinhas que o Brasil jogava. Liguei para conferir e, após ouvir inúmeras vezes o narrador reclamar que a seleção jogava como um time pequeno, num ímpeto, enviei uma pergunta para Falcão – na participação do internauta. Não foi lida pelo Galvão, também não era uma pergunta, mas uma constatação. Constatei que não adianta reclamar do futebol da seleção porque a característica de Dunga é exatamente essa. Essa é a escola do Parreira-Zagallo que venceu a Copa de 94 nos pênaltis. Basta os profissionais assistirem aos jogos da seleção de 94 e verificarem o que digo. A seleção não está jogando mal, ela está adequada ao estilo de jogo do técnico Dunga. Como jogador também ele cumpria essas determinações da escola do meio-campo defensivo, do jogo truncado, embolado, feio. Chamava-se futebol de resultados. E obteve os resultados. A gente via Raí jogando para o lado, Zinho girando em torno de si mesmo, Mazinho tocando também para os lados, enfim, era uma seleção dominada pelo estilo da retranca do meio-campo, na espera de um ataque ou contra-ataque para marcar um golzinho. Querer de Dunga algo diferente disso é de uma ingenuidade total. Ele segue seu estilo, e mesmo que a seleção faça algo diferente será excepcional: o jogo será esse porque é esse jogo que o técnico acredita e segue. Veja o que ele falou hoje, depois do resultado contra o Equador: "Foi um resultado normal." Normal. Conseguiu um ponto, é isso. Seleção show, ofensiva? Esquece, um time segue o esquema tático do técnico. É um time para ir galgando assim passo a passo, se um cardíaco assistir pode no máximo sofrer uma soneca.
Não posso criticar Dunga pensando em Scolari. São procedimentos muito diversos. Seria mais ou menos como se eu lesse Sant´anna esperando encontrar Drummond.