05/06/2009

Para todo ambiente

Hoje é dia mundial do meio ambiente. Cada vez mais meio. Tem um caderno na Folha que traz uma série de informações sobre a Amazônia. E revelações antigas sobre a Mata Atlântica. Traz um pinga-fogo fraco entre Marina Silva e Kátia Abreu. Digo fraco porque nem de longe demarca a distância entre as duas. Uma, mesmo que diga que não, defenestrada pelo governo pela sua coerência no combate à destruição da Floresta ( seu mestre foi ninguém menos que CHICO MENDES, que seja sempre lembrado!), outra, cada vez mais robusta na sigla CNA. A Folha traz o que eu já sabia: o discurso ambientalista é um entrave para o governo e o agronegócio na pressa das liberações para as obras de estradas, hidrelétricas e construção de pastos e terrenos para a soja e cana-de-açúcar. Ou seja: para produzir energia, madeira, boi, comida para o boi e álcool para os carros é preciso mesmo devastar, é o que não querem dizer. O Greenpeace contesta: segundo o Ipam ao menos 36% das terras no Brasil estariam livres para o agronegócio impulsionar “nossa” riqueza, deixando em paz a grande floresta. Até o ministro da Agricultura concorda com esses dados. Então, qual seria o problema? Madeireiras? Com essa lei aprovada no Senado essa semana tudo vai pelo ralo: posse aos que ocuparam as terras públicas na Amazônia. Posse geral e irrestrita. Agora querem usinas de cana no entorno do Pantanal. Querem tudo. O país, riquíssimo, quer construir, produzir, ligar, e desmatar. Sim, é preciso falar bem claro. Se eles chamam árvore de madeira, como a denomina o ministro da agricultura, já é uma revelação desenhada do que é e virá. As Ongs já estão sendo tratadas pelo jornalismo auxiliar da riqueza pela expressão pejorativa onguismo: “ ora, esses movimentos onguistas querem o quê?" Ou “O onguismo tenta pautar a política ambiental do governo”. Querem isolar as Ongs como se fossem elas o problema.
O que no fundo querem é que os ágeis produtores rurais cuidem de tudo e passem a preservar a madeira no limite para plantarem mais bois, mais comida para eles e resolvam o problema do mundo plantando por todo lado o combustível. Querem plantar tudo, desmatando.
Se Carlos Minc tiver forças para resistir, se for eficiente nisso, talvez possa segurar um pouco o ímpeto do próprio governo de que faz parte. E nem é discurso para a oposição: a revelação de que no governo FHC se desmatou perto de 30.000 km2 na "euforia do plano real". E também outras revelações pelo livro A ferro e fogo de Warren Dean, no texto de Claudio Angelo, neste mesmo caderno.
O discurso ecológico há muito deixou as vitrines e os guetos para declarar sua urgência.
Temos mesmo que fortalecer é a Cristiane Torloni, a sociedade que ainda resta nessa aridez, fora dessa visão atrasada de progresso, que os ricaços querem continuar a reger. Fortalecer as Ongs sérias que denunciam o que deveria ser controle e ação digna dos governos, não atos sem volta na devastação que vai cada vez maior da Amazônia.

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