Ficar explicando que o golpe militar de 64 foi uma merda federal pra quê?
Basta qualquer um ler, pesquisar: o ai 5, a tortura e perseguições, as mortes, as guerras e guerrilhas e tudo o mais.
Insuflado pelos EUA, o movimento de golpes militares na América do Sul nas décadas de 60/70 só trouxe mais atrasos para o continente arqui-explorado, processos corrosivos no trato humano e nada de interessante para a população – não houve nada que permitisse um mísero elogio, pois era regime de exceção, quebra do sistema institu/constitucional e o Karalho a 4.
A Lei da Anistia proíbe que as cicatrizes sejam mexidas, assim como se o esquecimento de toda essa ação nefasta do estado pudesse ser magicamente deletada.
Somos um povo cordial mesmo. A ditadura militar só terminou quando o último presidente general decidiu pendurar o chicote e se preparar para o esquecimento.
E ela acabou mesmo quando o seu homem forte – do setor civil – decidiu romper com os amigos militares, já exaustos daquilo tudo, para recomeçar do outro lado da trincheira a oposição a seu ex-grupo. É simples assim a política?
E o que temiam, afinal, os americanos do norte – sempre zelosos com as riquezas alheias - e os militares americanos do sul para sacrificarem o Jango e tudo o mais? Temiam a onda ou horda de comunistas comedores de criancinhas que se apoderariam de nossas riquezas, crenças e valores cristãos. Por conta dessa lenda ( e através de ações de muitos que criaram essa atmosfera, e depois picaram mula travestidos de importância) é que a sociedade dos que nem sabiam ou nem queriam ser marxistas, leninistas, stalinistas, trotskistas – ou mesmo pessoas não ligadas a essas listas, nem a toda essa tropa de pensadores do frio e da igualdade forçada - teve que ficar por aqui amargando esse óleo de rícino e reagindo como podia a quem foi treinado para comandar em hierarquia, e mais que isso, sempre ser comandado, mas nunca entender a sociedade humana ilimitada.
E tome porão e estranheza. Gente que desapareceu assim. Alguém me disse que na baía de Guanabara, dos helicópteros – a conexão caiu. Muita coisa caiu, mas não me forcem a me enganar.
E agora chegamos aqui, 46 anos depois, que é o inverso de 64.
E o que se vê, ali, do que sobrou dessa joça? Dessa história inútil e sofrida, toda anistiada? Dessa caça à diversidade?
Os dois principais candidatos ao comando oficial-federal brasileiro ladeados e sustentados politicamente por gente e geração de gente que se nutriu desse movimento da ditadura militar até o osso, e continua aí nas ondas secas da capital goiana mandando e desmandando – mamando.
Quem estaria pavimentando sempre a volta do futuro pródigo?
Dá uma olhada na genealogia dos que adornam o casal que disputará o centro do poder.
Estou com o máximo Cony, cronista: lutamos tanto para termos o direito ao voto e hoje não me sinto sequer na obrigação de votar.