O cara está no poder há 11 anos, seu partido há 15. O secretário de saúde do Estado anunciou que a área era um lixão, assim, por acaso: ele estava no local da tragédia e com a lanterna percebeu o estado deplorável da terra e o cheiro que lhe despertou a desconfiança. Foi o que li no dia. Imediatamente pensei que ele talvez fosse um forasteiro, como tantos. E ninguém o avisou antes da visita ( naquela visão ampliada de saúde pública ), ou ao menos durante ( para não dar essa declaração-surpresa ) que estava em espaço de desova - em terreno de chorume. Quantos forasteiros assumem comandos sem a menor competência ou aptidão para as funções? Seja na política, nas áreas de saúde, nas repartições públicas, na educação. Esses 15 anos de poder na cidade não foram suficientes para o PDT criar um projeto de casas populares, tão ao feitio do próprio partido? E olha que o partido deveria se esmerar por Niterói, praticamente seu último refúgio. Nem isso. Vi uma matéria que 15 milhões de reais seriam suficientes para remover centenas e centenas de famílias, e que irão gastar 19 milhões de reais apenas com uma passarela, ou algo assim, para o disco voador. Depois fica aquele papo chato de política: que eles só servem mesmo para lutar pela própria manutenção no poder, fora os desvios sempre acoplados às administrações, o enriquecimento ilícito e tudo o mais. Aquele tema comum sobre política e seu distanciamento com a realidade social. Repetitivo porque nunca se resolve. 15 anos no poder e a administração da cidade de Niterói não percebeu que tinha uma comunidade se estabelecendo em cima de um lixão! Como isso é forte, emblemático, definitivamente simbólico. Os forasteiros, os incompetentes, assumem as funções e ficam furiosos quando questionados. Pensam que o destaque que possuem é alvo de inveja dos outros, mas não percebem que assumiram comandos que vão de encontro ao próprio talento – faltoso. Quantas vezes, assistindo a aulas na faculdade, eu percebia, constrangido, que alguns professores sofriam por estar ali, num esforço dos minutos, tentando justificar as suas presenças? E que isso era um deslocamento diário da existência. Um peso que todos carregávamos, pois por alguma razão formávamos aquela cena inútil. Esse constrangimento se levado para a área de saúde aumenta os riscos, mas sei que muitos médicos não se atualizam porque já decoraram com o tempo os procedimentos e os nomes dos medicamentos. E, se na área de saúde pública, aplicam esse poder nas filas que só crescem – em busca das hóstias químicas. E os administradores que se matam para se eleger para chegar a esse resultado: colocar água encanada e luz elétrica, criar caminhos para que famílias estejam mais confortáveis num LIXÃO.