28/09/2007

Oração à vida - Sergio Solmi

Que queime mais, para melhor te sentir,
que sempre o coração me divida
o teu corte sedento de lâmina,
que à noite inquieto
em vão a te procurar eu me debata
e me atinja a aurora
como uma morte amiga,
trégua não me dê, minha vida,
deixe-me a obscura penúria,
as negras insônias, as ânsias e os males.
Deixe-me o desejo delirante
que se infla em miragens
e o sangue tímido que se agita a cada
sopro.
Que queime mais, para melhor sentir
este teu beijo que torce e descolore,
cada fibra minha consuma o teu fogo,
cada pensamento subjugue e anule,
cada delicadeza tua, a paz e a alegria,
negue-me ainda

Tradução minha – dei uma forçada, porque tradução não é mole não!

Sergio Solmi nasceu em Rieti em 1899. Foi oficial de infantaria durante a Primeira guerra Mundial. Em 1922 fundou em Torino juntamente com Debenedetti Primo Tempo. Participou do movimento revolucionário liberal. Também, ativamente, participou da Resistência, e veio a ser preso em San Vittore. São deste período os versos recolhidos no caderno de Mario Rosseti. Depois da Segunda Guerra, o poeta colaborou com diversas revistas: Il Baretti, Pegaso, Pan, Solaria. Como poeta, obteve em 1948 o Prêmio St Vincent, como ensaísta, em 1949, ganhou o prêmio Montparnasse e o prêmio Viareggio em 1963 pela obra Scrittiri negli anni e em 1976 por la Luna di Laforgue. Morreu em 1981 em Milão. ( recolhido do estudo de Daniella Manzini )