31/10/2007

Tocantis

O poeta vê – só ele vê – a bruma sob o céu violeta
A aurora aqui não tem dedos róseos
A bruma é o céu do rio, o Tocantis segue firme para o imenso mar doce.
A bruma afirma seu fluxo – esvanece, abençôa as águas, abastece o olhar do poeta.
Forma desenhos voláteis, o desejo do poeta. O poeta vira-se repentinamente: será que a noite, dominada, ainda assim persiste na escuridão da floresta?
O poeta é adornado pela bruma, e seu ar, etéreo, seu olhar concreto, passeia pela realidade provisória – realidade de bruma.
Como se um barco, em seu silêncio de pesqueiro, cortando a história do rio, regesse o poeta e sua curta memória.
Algo como se o violeta mais forte do céu tingisse seu pensamento, roubasse sua cena: a observação primeira.
O poeta está sendo tragado pelo rio, e seu movimento deriva – a bruma o protege.