01/03/2008

Sem a chave

Temo a leitura do expert, do que conhece de cor

Baudelaire

Arrepio com a intenção de grupos

Que se fortalecem em rumores

Amigos, amáveis pudores

E quebram a vidraça do vizinho

Com suas penas pesadas- inquestionáveis

Tenho pavor que me achem poeta, esteta

Ou de alguma intenção.

Não sou de cena cultural ou manobrista.

Não quero o perfil da revista.

Não estou para seleção.

Deixem-me em paz os obristas, farmacêuticos de versos, românticos dominados.

Os de puro rigor.

Tenho pavor que alguém escreva qualquer coisa, mesmo se elogio, gabo ou louvor.

Tenho receio da intenção do ledor,

escravo do muito bom.

Apenas escrevo porque quero, não busco agrados nem do esperto, nem do marco zero,

rascunhos que se formem, palavras grudadas

que fiquem assim só uma mancha sobre o brilho absurdo da

tela - até em desmazelo.

Assim como escrevi agora, tão fácil, tão livre, sem cobiça, sem quimera.

A poesia?

Está lá no Drummond...