Temo a leitura do expert, do que conhece de cor
Baudelaire
Arrepio com a intenção de grupos
Que se fortalecem em rumores
Amigos, amáveis pudores
E quebram a vidraça do vizinho
Com suas penas pesadas- inquestionáveis
Tenho pavor que me achem poeta, esteta
Ou de alguma intenção.
Não sou de cena cultural ou manobrista.
Não quero o perfil da revista.
Não estou para seleção.
Deixem-me em paz os obristas, farmacêuticos de versos, românticos dominados.
Os de puro rigor.
Tenho pavor que alguém escreva qualquer coisa, mesmo se elogio, gabo ou louvor.
Tenho receio da intenção do ledor,
escravo do muito bom.
Apenas escrevo porque quero, não busco agrados nem do esperto, nem do marco zero,
rascunhos que se formem, palavras grudadas
que fiquem assim só uma mancha sobre o brilho absurdo da
tela - até em desmazelo.
Assim como escrevi agora, tão fácil, tão livre, sem cobiça, sem quimera.
A poesia?
Está lá no Drummond...