Peipe, li na revista on line que o cérebro está se encolhendo. Bem que desconfiava que algo estava acontecendo assim, nesse gênero. O passado andou me revisitando e o cérebro – encolhido – quis que eu adotasse uma neutralidade absurda diante das imagens. Como um totem armado sem esmero, o passado me trouxe cenas que se alternavam em importância e beleza. Quis zerá-lo, reconduzi-lo para o limbo que sempre temos – área cinza de indecisão. Nada, nem a preocupação com a Amazônia, medo de vê-la canavial, ou a preocupação comigo mesmo, onde a magia certa, a chave de Júpiter? - fez com que ele deixasse de passar seus fotogramas insistentes. Vi que de todas as pessoas que circularam na minha frente o mais mudado era eu. E com que insistência eu passava para mim mesmo minhas imagens, como um navegador de tempos e ações. Só comigo tenho 20 Alans, e nem me importei com imagens de amigos que se bandearam para a esfera do esquecimento, que caíram em desgraça nas minhas afeições, seja pelo desmazelo em cultivar a amizade, tão necessitada de cuidados, seja pela minha amabilidade inexplicável, seja pelo meu movimento mesmo de estrada, que impede impedimentos ( como amores ). Peipe, hoje aqui, nesse sábado, ao meio-dia, depois de te enviar a foto de Virgolina com Miguel, fiquei olhando: afinal, o que sobrou de tanta dança? O que restou de tantos risos e movimentos? Vi, de passada, que os slides estavam misturados, e que se cultuei inimigos *** ( como Bruxa Roxa, Sociólogo Torpe, a Professora Karma, e o pai de santo furioso e melancólico, carente de energia positiva etc ) foi mesmo por desmazelo, descuido em ouvir o outro, ou perceber que ninguém é tão má pessoa assim, mesmo que seja péssima pessoa – risos. Tenho minha proteção teflon, sou blindado pelo esquecimento, por isso esse bloco desconexo de imagens, como um objeto ectoplasmático não identificável, como uma foto empoeirada largada no fundo de uma caixa de sapatos, que nem existem mais. O tempo torna-se uma abstração – uma tolice, se nos aparece em partes, se pegamos seus pedaços como brinquedos velhos e damos uma nova cor a seu desbotado aparecimento. Olhei pra frente, Peipe, e vi uma estrada ainda bem aberta, sem adornos. Tomara que não queira inventar modas e, de novo, enfeitar esse caminho com ações já conhecidas. Eu aposto sempre no divertido, e quem mais iria aparecer que me trouxesse outra visagem, oposta, que não essa seqüência indemarcada? Por isso sonho com balões, e estou buscando dar uma volta em um, colorido, que me mostraram na Mantiqueira. Ah, um balão para uma criança, para mim, Peipe, essa criança que se esquece dos brinquedos e os lança em qualquer canto, esquecendo o objeto e o lugar. Ah, um balão me trará a sinfonia que mais gosto, passar pelas coisas, apenas vê-las e tendo outras, admirá-las mais, isso sempre me trouxe a jovialidade. Então, quando procurar o sótão com as coisas guardadas – lá pelo Sol em Câncer – quero dar de cara com um jardim de Maria-sem-vergonha criado pela ausência do lugar. E por aí vai, que o Totem se monte e desmonte pelo desejo dele mesmo, que eu sei o que me agrada. Beijos
Virtualidades
07/06/2008
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Este é você..., nenhuma dúvida. Ainda existe você em você, que máximo! Talvez o desmazelo de amigos que não souberam voltar à estrada, aonde, antes, eram todos juntos, tenha acontecido por saber de você sempre em você. Essa essência que muitos de nós aprendeu a amar, mesmo em dias distantes - e, que distância...
ResponderExcluirTenho saudades, mas vou saber mais de você agora através do blog. Muitos beijos!!!
Visite o meu blog: http://reismusic-mulheresqueamam.blogspot.com/
Mais beijos!