A reforma política que se pretende fazer a toque de caixa no Congresso Nacional vai certamente enfraquecer a participação do eleitorado brasileiro.
Financiamento público de campanhas e lista fechada para a eleição representariam um suposto fortalecimento dos partidos, é verdade, mas representariam também, e principalmente, um retrocesso no processo democrático. Criando listas dentro dos partidos teremos definido o poderio das personalidades e caciques de um partido em detrimento de alguma liderança nova ou independente. Somente os aliados dos chefões terão a chance de eleição, o que, convenhamos, na situação em que se encontra a política brasileira é uma verdadeira lástima. Financiamento público – com dinheiro retirado do orçamento – justificando-se com a proibição de capital privado nas campanhas, o que ocasionava dentre outras coisas, o processo de caixa dois. Ou seja: para não haver mais ilegalidade na arrecadação, o Estado banca a eleição. Com isso cria-se a expectativa de que todos os problemas serão sanados. Não haverá mais candidato de moral nem passado duvidosos – uma vez que haverá uma escolha prévia e interna, e nem haverá mais desvio de verba ou sobra de campanha, e nem mesmo comprometimento de uma candidatura com uma empresa, empreiteira ou indústria.
Muda-se a regra e o caráter muda com ela? Há algo de ingênuo nisso aí.
Mas, e se fosse o inverso? E se o candidato mais votado fosse eleito, eliminando-se a tal da proporcionalidade, e se o financiamento das campanhas se restringisse somente a doações de pessoas físicas? Incluindo-se aí candidatos independentes, sem partido. E se houvesse, com isso, uma fiscalização muito mais rigorosa? O TSE não está retirando governadores eleitos dos seus postos por abuso de poder econômico e outras ilegalidades? Verdade que empossa os perdedores, o que pela lógica seria um erro, mas demonstra ao menos um rigor na fiscalização do processo eleitoral
Penso que seria um caminho mais próximo de um processo democrático, com a sociedade se envolvendo na eleição e não posta à margem como se insinua essa proposta dos partidos no Congresso.
Haverá um debate na sociedade? Parece que não. Os congressistas irão decidir o melhor caminho para a reeleição deles mesmos. Há algo malicioso nisso aí.
Estão convidando para se votar nulo? Eu aceito.