A entrevista do deputado federal Ciro Gomes ao Canal Livre nesse domingo confundiu mais ainda minhas tentativas de entender a política brasileira.
O deputado, que se postou como um analista apaixonado das questões nacionais, revelou que o processo agudo por qual passou o governo no escândalo do mensalão foi uma artimanha, ou uma estratégia, de parte da elite para retirar o presidente do posto.
Eis uma afirmação que me confunde mais ainda. Ele chegou mesmo a estender esse procedimento ao processo de impedimento de Collor: só que ali a sociedade deu respaldo à estratégia da elite, traída pelo presidente ( como assim? ). No caso de Lula, a sociedade segurou e minguou o artifício. Ou seja: a sociedade não engoliu a isca.
Claro que entre os jornalistas presentes, experientes e informados, houve alguma tentativa de refutá-lo. Fernando Mitre tentou dizer que a oposição foi até amena na ocasião, por comprometimento em Minas etc, mas apenas tentou. O deputado estava convicto de que havia ali no episódio uma tentativa clara de desestabilização do governo, e revelou que foi a líderes da oposição expor o perigo de uma chavinização no processo brasileiro. Foi atendido em suas reflexões.
O que entendi disso: a elite golpista tentaria tirar o presidente mas o povo iria às ruas para garanti-lo.
Fiquei pensando, no entanto, o que quis dizer o deputado Ciro de fato. Talvez mesmo tudo não passe de divulgação excessiva de atos que contrariem uma ação republicana. Esse escândalo não foi conhecido por conta de brigas internas então? Então, ardilosa, a tal parte da elite, déspota esclarecida, como ele a denomina, subjuga os fatos a sua revelia? Não temos acesso realmente ao que ocorre? A imprensa, contaminada por interesses, enfatiza apenas o que serve a seus proveitos?
Muito confuso pensar assim. Ou seria perigoso?
Descarregar sobre a imprensa, ou sobre um grupo, a responsabilidade de revelações do que ocorre nos bastidores da política federal não seria uma forma de pautá-la? Seria como dizer: não divulguem isso ou tudo pode ir para os ares. Muito cuidado com o que divulga. Ele mesmo soltou um pensamento lá pelas tantas, que num peteleco o Brasil pode regredir politicamente. O que significa isso? Devemos preservar a democracia protegendo os atos canhestros dos próprios políticos? Não divulgar as maracutaias nos dará a sustentação do regime democrático? Ou: a interpretação dos fatos políticos, ou a intensidade de sua propagação, são de fato a construção da verdade ou da realidade?
No caso do mensalão – que nem sei mais se interessa – a acusação maior seria de que o executivo patrocinava as decisões do legislativo, daí o nome – corruptela de mesada.
Uma acusação gravíssima que está sendo julgada pelo poder judiciário. Na época da reeleição de FHC também houve esse boato, de que houve compra de votos. Mas, se me lembro, no caso do mensalão o estopim veio de dentro, e foi algo tão forte que desmantelou o poderio da casta do governo, com a saída do ministro da Casa Civil, do presidente do partido e muitos outros.
Foi uma investigação da Polícia Federal quem revelou tudo, basta reler o que se apurou. Foram órgãos federais de investigação que sustentaram a tese de compra de votos, não um mero boato lançado ao vento com intuito de retirar um governo legitimado pelas urnas. O deputado fez um recorte para, também ele, elaborar sua análise?
Eu posso colocar sob suspeição os jornais e revistas quando afirmo que eles tem sua opinião vinculadas a grupos que buscam o poder. Alguém pode dizer: santa ingenuidade, descobriu isso agora? Bem, até ontem eu acreditava que a imprensa tinha por mérito ser independente, mesmo sendo pró ou contra um governo.
O deputado, que se postou como um analista apaixonado das questões nacionais, revelou que o processo agudo por qual passou o governo no escândalo do mensalão foi uma artimanha, ou uma estratégia, de parte da elite para retirar o presidente do posto.
Eis uma afirmação que me confunde mais ainda. Ele chegou mesmo a estender esse procedimento ao processo de impedimento de Collor: só que ali a sociedade deu respaldo à estratégia da elite, traída pelo presidente ( como assim? ). No caso de Lula, a sociedade segurou e minguou o artifício. Ou seja: a sociedade não engoliu a isca.
Claro que entre os jornalistas presentes, experientes e informados, houve alguma tentativa de refutá-lo. Fernando Mitre tentou dizer que a oposição foi até amena na ocasião, por comprometimento em Minas etc, mas apenas tentou. O deputado estava convicto de que havia ali no episódio uma tentativa clara de desestabilização do governo, e revelou que foi a líderes da oposição expor o perigo de uma chavinização no processo brasileiro. Foi atendido em suas reflexões.
O que entendi disso: a elite golpista tentaria tirar o presidente mas o povo iria às ruas para garanti-lo.
Fiquei pensando, no entanto, o que quis dizer o deputado Ciro de fato. Talvez mesmo tudo não passe de divulgação excessiva de atos que contrariem uma ação republicana. Esse escândalo não foi conhecido por conta de brigas internas então? Então, ardilosa, a tal parte da elite, déspota esclarecida, como ele a denomina, subjuga os fatos a sua revelia? Não temos acesso realmente ao que ocorre? A imprensa, contaminada por interesses, enfatiza apenas o que serve a seus proveitos?
Muito confuso pensar assim. Ou seria perigoso?
Descarregar sobre a imprensa, ou sobre um grupo, a responsabilidade de revelações do que ocorre nos bastidores da política federal não seria uma forma de pautá-la? Seria como dizer: não divulguem isso ou tudo pode ir para os ares. Muito cuidado com o que divulga. Ele mesmo soltou um pensamento lá pelas tantas, que num peteleco o Brasil pode regredir politicamente. O que significa isso? Devemos preservar a democracia protegendo os atos canhestros dos próprios políticos? Não divulgar as maracutaias nos dará a sustentação do regime democrático? Ou: a interpretação dos fatos políticos, ou a intensidade de sua propagação, são de fato a construção da verdade ou da realidade?
No caso do mensalão – que nem sei mais se interessa – a acusação maior seria de que o executivo patrocinava as decisões do legislativo, daí o nome – corruptela de mesada.
Uma acusação gravíssima que está sendo julgada pelo poder judiciário. Na época da reeleição de FHC também houve esse boato, de que houve compra de votos. Mas, se me lembro, no caso do mensalão o estopim veio de dentro, e foi algo tão forte que desmantelou o poderio da casta do governo, com a saída do ministro da Casa Civil, do presidente do partido e muitos outros.
Foi uma investigação da Polícia Federal quem revelou tudo, basta reler o que se apurou. Foram órgãos federais de investigação que sustentaram a tese de compra de votos, não um mero boato lançado ao vento com intuito de retirar um governo legitimado pelas urnas. O deputado fez um recorte para, também ele, elaborar sua análise?
Eu posso colocar sob suspeição os jornais e revistas quando afirmo que eles tem sua opinião vinculadas a grupos que buscam o poder. Alguém pode dizer: santa ingenuidade, descobriu isso agora? Bem, até ontem eu acreditava que a imprensa tinha por mérito ser independente, mesmo sendo pró ou contra um governo.
Explico, no estilo de Ciro: mesmo sendo Marlene ou Emilinha não poderia eu, jornalista, deixar de admitir que minha predileta tenha desafinado em tal música ou show. Êta quase Estado Novo!
Se for realmente assim, do jeito que ele mandou ver na entrevista, o peteleco pode ser realmente mais embaixo.
Se for realmente assim, do jeito que ele mandou ver na entrevista, o peteleco pode ser realmente mais embaixo.
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