Sim, está tudo muito confuso. Não me atrevo a falar mais em política. Não entendo mais nada. Nem a mundial, nacional ou pessoal. Política é o fim, já o disse o poeta baiano. Aqui, na nacional, estamos mais ou menos assim: os éticos se uniram aos picaretas para se manterem no poder. Os picaretas voltaram então ao poder, depois de cassados, excomungados, alijados. Os éticos, que deixaram pra lá a ética por um tempo, pensam a situação do Brasil por este prisma: resgatar os picaretas e mostrar-lhes que é possível sustentar uma política de resultados, dentro de uma certa margem positiva. Ocorre que os picaretas, com um veneno sem antídotos no sangue, acabam por revelar sem querer aos ex-éticos essa contaminação. E tudo, contaminado, passou a ser um cenário comum, no mantra invertido do sempre foi assim. Os ex-éticos se surpreendem com esse vazio, conseqüência do poder ( ? ), com esse desnível do discurso maquiando ações não republicanas, sentiram que foram levados a isso. Mas seguem em frente, farejando a tal da ética, para no futuro dela fazerem uso. Porque foi ela quem os alçou a esse patamar de ouro, ou cobre. Foi ela que mapeou o caminho das pedras. Ela é a pedra de toque, de troca (?).
Os da esquerda rodopiaram tanto para convencer o mundo que criariam uma nova esquerda inofensiva aos mercados ( os ex bam bam bans da parada mundial, que da jogatina virtual e real dos montantes quase destruíram tudo ) que foram parar no centro, tendendo à direita ( têm horror dessa análise, como se fosse uma acusação ). Os da direita, sempre escapulindo dessa classificação, pesada no país, por causa da ditadura, assumiram um ar de social-democratas, tentando conjugar com os ex-social democratas (adoradores da privatização fácil ) que fingem jamais terem governado o país. E apontam a aliança dos ex-éticos com os picaretas como algo repulsivo, esquecendo-se que fizeram no passado recente uma aliança dos acadêmicos com os coronéis. Profícua e disforme.
Os verdes buscam depurar-se da política marrom, do inchaço, correndo contra o tempo, para ver se dará tempo de se apresentarem com o novo discurso, limpos. Querem o desenvolvimento sustentável. Tomara que apresentem ao menos uma solução para o lixo – e os plásticos. E que pensem em algo realmente novo, que tal transporte leve sobre trilhos?
O maior partido é forte e fraco, um saco de lebres. Seu valor é o tempo que empresta a outrem para, na TV, revelar-se o projeto, de algum poder que virá.
Na minoria, os trotskistas cristãos aceitaram uma parcela de anarquistas enamorados pelo esquema oficial e pós-católicos enérgicos, mas levam com mão fechada as chaves do partido. Temem o crescimento que pode trazer-lhes a tal contaminação. E nunca entendi muito esses pensadores/ativistas russos. Os stalinistas falam de democracia social e estão cada vez mais ligados aos desportos (?). Bem, tá certo, os times usam uniformes.
No mais, quase tudo que seria maracutaia – provada ou divulgada – se desfaz no órgão máximo que julga pela técnica, na interpretação da Lei. Acreditam-se neutro na política. Mas eles foram indicados pelos acadêmicos e coronéis e pelos éticos, ex-éticos e picaretas. O que não quer dizer que se comprometeram, eis, creio? E cumprem, como sacerdotes, um ritual que transforma em pó qualquer material pesado.
No campo pessoal, não, não irei falar, não tenho o poder de transformar em pó nada, nadinha. Quisera transformar em pó as pedras que tanto me perturbaram. Em outras ocasiões já quis rolar as pedras sobre desafetos e gente sacana.
Tudo comigo cresce numa terceira dimensão, como se as relações tomassem vida própria e se expandissem e falassem comigo em terceira pessoa. Quero falar que o Rio está tenso e disfarça geral essa uruca da guerra do tráfico. No tráfego todos querem se livrar da rua. Na rua todos querem se livrar da esquina. E fiquei pensando nesse movimento tenso, que passou por mim. Na fragilidade exposta com tanta gente alegre. Um norte para o Rio. Uma nova Zona Norte. Um parangolé em cinzas dançou no Jardim Botânico, isso foi inacreditável. Como o helicóptero pousando suas chamas. Ou os meganhas furtando o coordenador do Afroreggae baleado por bandidos, liberados. Falar o quê?
Hoje meu norte é somente oferecer água que eu beba para visitas, mesmo as indesejadas. Mas não deixo de colocar a vassoura atrás da porta. E defumar toda a casa depois. Para afastar a confusão.
Virtualidades
22/10/2009
Tudo uma confusão
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