Meu pitaco sobre a loira da Uniban – se o assunto ainda interessa, que tudo passa na velocidade das cenas: a loira da Uniban foi atacada porque é meio gordinha.
Isso mesmo. Por ser meio gordinha e buscar a sensualidade foi seqüenciada por esse corredor de ojerizas. Certo que um público de faculdade particular não é lá essa sumidade em projeções da diferença. Se nem o corpo discente das federais se posta como algo visível para fora do muro senso comum, não vamos agora inflar a análise para a galera dessas particulares. Eu conheço bem esse público. Já enfrentei turmas que queriam muito menos o que eu poderia oferecer – ou queriam matérias mesmo, dessas que colorem os cadernos organizados, e que qualquer ida ao Google hoje resolve. Já fui atacado por uma aluna ( de pós!!!) que simplesmente me enfiou a caneta na barriga porque não estava bem ( isso ficou claro, e minha sorte é que a adiposidade suavizou o seu movimento impensado, ficando apenas um sangue azul na camisa ), ou tenha perdido ela a atenção buscada, alumnos sempre buscam uma atenção especial, ou estava com algum encosto, que existem muitos disponíveis. Já vi coisa de bastidor: vi aluno me entregando nas coordenações porque queria a explicação pormenorizada de reflexões, aluno que estava ali apenas para decorar a matéria fugindo do espírito acadêmico – raridade em qualquer instituição. Já viajei com uma professora que me contou que numa turma no Sul recusaram uma colega por ser ela negra. A turma simplesmente não apareceu: de 40, apenas 3 gatos pingados constrangidos. Tentei saber quem era, qual local, detalhes desse fato tão imundo, mas me disseram que a própria professora não queria publicidade sobre seu caso e. É. Melhor voltar, então, à cena da loira da Uniban – que na piada paulista virou Taleban. Sim, os talebans que obrigam suas mulheres a se cobrirem com a burca – e elas, quase inexistentes, arrastam-se pela poeira da região para confirmar que a tradição é cruel. No final, sempre sobram para as mulheres. Ah, as Amazonas sumidas que não voltam nunca!
Volto ao caso da loira da Uniban: o problema ali foi por ela ser rechonchuda, e não desfilar nos corredores da Renascença. No império da era da academia ( de malhação ) o que se mostra é o músculo trabalhado, a barriguinha sarada, as pernas sequinhas, glúteos torneados. Talvez a revolta tenha-se iniciado aí. Ao se mostrar com vestido tão destacado, e vermelho, a loira atingiu um dogma estético, dos poucos que se tem hoje: o corpinho sarado. E todo martírio para se alcançar esse estado.
Um outro episódio, com a Preta Gil, pode ajudar essa análise psicológica meia-bomba: Preta Gil posou para uma revista, como se modelo fosse, e a repercussão foi tamanha, um escândalo. Tantas beldades extemporâneas e celebridades instantâneas, como dizia o bicheiro do Zé Wilker, posam, abrem-se e são clicadas, e no máximo pousam em alguma oficina mecânica, por fim. É normal a gostosa se apresentar, com ou sem reparos técnicos, para o grande público. É seu mérito. A loira da Uniban queria apenas chegar a mais uma aula do curso de Turismo. As escadas devem ter aumentado as escalas, suas dimensões fora do padrão. Ora, um público domesticado pelo olhar senso comum logo logo farejou a diferença. E leu como provocação terrível, um estranhamento repulsivo. Que se a loira fora do padrão cobiçado ainda assim afrontava o pátio com seu corpanzil – era uma vagaba.
Alguém que se ache bonito, que se goste e queira se mostrar (talvez porque o espelho a admira e reduza as partes), mesmo que alguém se ache assim, possível, para que na pista acadêmica demonstre que seu corpicho está apto a ser demonstrado. Não pode!
A loira da Uniban fez a direção da faculdade ficar mais perdida que cachorro em mudança. Que se ela, ferindo a dignidade acadêmica, merecia ser jubilada, depois não, ou que ela se adaptasse então para voltar para a dignidade acadêmica. Que se cubra, ou emagreça! Um padrão sempre deve ser reverenciado – nas academias.
Esse termo, dignidade acadêmica, onde esse termo poderia ser parâmetro para a academia, dos novos e velhos tempos?
Que se a dignidade, ferida nos corredores, corresse para as salas e os projetos e os trabalhos e as reflexões e as produções e textos, textos e mais textos, e suas originalidades, ih, que revolução se daria nos detratores e em seus corretores!
Seria mesmo uma saia justa!
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