Falando para o Google

Se eu disser que o blog vai entrar em recesso estarei falando para o vazio? Não, pela contagem e por alguns e-mails que recebo, sei que é lido. Além de tudo, está no Google, essa gigantesca Hidra ou esse espelho virtual que a nada deixa escapar. Um porto eletrônico de Cila e Caribidis.
Não sei se também é o espírito de Natal que se apossou de mim, mas tenho que dizer que estou feliz por ter pensado projetos e concretizá-los.

Tive contatos com muitos intelectuais, gente que fala dezenas de línguas, que sabe de cor poemas de Poe, de Rilke e Milton, gente que sabe das luzes de Borges e das repelências de Sartre. Gente que consegue traduzir do sânscrito as intenções dos deuses e de Wilde alguma sofisticação inútil e bela: as tais franjas do tapete persa.
Mas de alguma forma isso transparece um manto pesado.
Sim, meu círculo se estende também aos que nada sabem disso e podem, sem se comprometer, emitir saudações ao comum.

Mas garanto que me surpreendeu a nobreza daquele que artificialmente catalogam como arrogante, uma altivez particular, num contato quase diário.

A simplicidade que descompôs qualquer soberba.
Devo também a algumas pessoas um afastamento, por força, do que seria o menor em mim – e só conseguiram isso porque revelaram em seus olhares e ações essa mácula.
São pessoas que me delimitaram o perigo do vulgar, porque o possuem.
E as que se despediram de minha amizade sem sequer um adeus, jogando em pó pelas vias o que foi construído pelo carinho, deixando comigo alguma saudade esquecida.
Muito próximo do piegas o emotivo, mas minha fortaleza sempre foram as emoções. São elas que me movimentam. Minhas convicções sempre foram as dúvidas. Se há algo de lógico na existência, ainda não passou por aqui.
De sorte, que a sorte venha e me lance para onde sequer imaginava ir: para minha absoluta simplicidade.
And the winner is...