Enquanto os candidatos vociferavam e tergiversavam no debate da Bandeirantes, milhares de moradores de rua arrumavam seus papelões para mais uma noite.
Enquanto eles faziam avaliações de 8 anos lá, 8 anos cá ( no tempo sempre insuficiente ) – e se acusavam de privatizações plenas e privatizações particulares, que só tiveram alguns bilhões de reais para tentar fazer com que o cidadão comum consiga uma mísera consulta ao especialista, estava lá a senhora ou o senhor ou a criança largada na calçada.
São invisíveis. Não freqüentam estatísticas nem interesses. A sociedade quer se livrar deles em passos largos, e espera que o estado lhes dê algum destino. Para muitos é apenas uma questão estética. Passam a existir apenas no Natal.
O estado – bem, o estado não tem olhar para eles também. Soube que o prefeito Kassab fechou abrigos no centro e reduziu drasticamente a malha social de proteção.
Mas isso não tem ideologia, esse confronto com esses seres indesejáveis. No Rio também é assim, eu mesmo já fiz esse trabalho de documentação faz tempo. Sem contar que o desastre do morro do lixão em Niterói se deu na administração socialista do PDT – a prefeitura chegou a informar que não sabia que ali tinha sido área de despejo e permitiu que se formasse uma comunidade.
O estado tem que cuidar dessas pessoas? Sim, é obrigação do estado cuidar das pessoas, é para isso que existe. Cuidar significaria criar projetos reais para que os moradores de rua deixem essa condição. É preciso falar como os candidatos no debate, é preciso ser didático para que eles, que querem nos convencer, tentem entender o básico de suas funções.
Lançam a discussão sobre o aborto – dos que ainda nem foram gerados, enquanto senhoras detonadas se ajeitam nas portas dos bancos.
O clochard brasileiro subjugado a uma realidade perigosa de extermínio. A chacina da Candelária, os assassinatos de mendigos em São Paulo. Afinal, para que serve mesmo um governo?
Não adiante transferir esse apoio para as igrejas – na distribuição de sopas na madrugada.
As igrejas agem de boa fé, mas o apoio vem muitas vezes com um pacote de aceitação. Os índios até hoje sofrem com esse catequizar implacável. Os índios não precisam da religião cristã, eles já têm a deles, precisam apenas que os deixemos em paz!
É um absurdo o estado capturar nossos impostos e deixar para as igrejas o que seria a sua função.
Ninguém escolhe viver nas ruas. Não é verdade a alegação de que o respeito à individualidade não permite ao estado uma ação mais eficaz. Para mim é uma ironia, tão somente. São pessoas fragilizadas, tristes, sem perspectivas, com problemas inúmeros que as levaram para as ruas.
Agora, hoje, não há dinheiro suficiente nas prefeituras, nos governos estaduais e na União para se resolver isso? Sobram verbas e desinteresse.
Enquanto se dizia no debate que a fortuna do petróleo é um passaporte para o futuro, o presente ocupava as calçadas frias da Paulista.
Invisíveis, alheios ao discurso da prosperidade repentina, eles só torcem para vencer mais uma noite sem que surja algum maldito para atirar fogo em seus corpos vulneráveis.
Enquanto eles faziam avaliações de 8 anos lá, 8 anos cá ( no tempo sempre insuficiente ) – e se acusavam de privatizações plenas e privatizações particulares, que só tiveram alguns bilhões de reais para tentar fazer com que o cidadão comum consiga uma mísera consulta ao especialista, estava lá a senhora ou o senhor ou a criança largada na calçada.
São invisíveis. Não freqüentam estatísticas nem interesses. A sociedade quer se livrar deles em passos largos, e espera que o estado lhes dê algum destino. Para muitos é apenas uma questão estética. Passam a existir apenas no Natal.
O estado – bem, o estado não tem olhar para eles também. Soube que o prefeito Kassab fechou abrigos no centro e reduziu drasticamente a malha social de proteção.
Mas isso não tem ideologia, esse confronto com esses seres indesejáveis. No Rio também é assim, eu mesmo já fiz esse trabalho de documentação faz tempo. Sem contar que o desastre do morro do lixão em Niterói se deu na administração socialista do PDT – a prefeitura chegou a informar que não sabia que ali tinha sido área de despejo e permitiu que se formasse uma comunidade.
O estado tem que cuidar dessas pessoas? Sim, é obrigação do estado cuidar das pessoas, é para isso que existe. Cuidar significaria criar projetos reais para que os moradores de rua deixem essa condição. É preciso falar como os candidatos no debate, é preciso ser didático para que eles, que querem nos convencer, tentem entender o básico de suas funções.
Lançam a discussão sobre o aborto – dos que ainda nem foram gerados, enquanto senhoras detonadas se ajeitam nas portas dos bancos.
O clochard brasileiro subjugado a uma realidade perigosa de extermínio. A chacina da Candelária, os assassinatos de mendigos em São Paulo. Afinal, para que serve mesmo um governo?
Não adiante transferir esse apoio para as igrejas – na distribuição de sopas na madrugada.
As igrejas agem de boa fé, mas o apoio vem muitas vezes com um pacote de aceitação. Os índios até hoje sofrem com esse catequizar implacável. Os índios não precisam da religião cristã, eles já têm a deles, precisam apenas que os deixemos em paz!
É um absurdo o estado capturar nossos impostos e deixar para as igrejas o que seria a sua função.
Ninguém escolhe viver nas ruas. Não é verdade a alegação de que o respeito à individualidade não permite ao estado uma ação mais eficaz. Para mim é uma ironia, tão somente. São pessoas fragilizadas, tristes, sem perspectivas, com problemas inúmeros que as levaram para as ruas.
Agora, hoje, não há dinheiro suficiente nas prefeituras, nos governos estaduais e na União para se resolver isso? Sobram verbas e desinteresse.
Enquanto se dizia no debate que a fortuna do petróleo é um passaporte para o futuro, o presente ocupava as calçadas frias da Paulista.
Invisíveis, alheios ao discurso da prosperidade repentina, eles só torcem para vencer mais uma noite sem que surja algum maldito para atirar fogo em seus corpos vulneráveis.